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O recente cenário que expõe, o aumento da presença da mulher na vida social e política do país têm se firmado pela organização e sensibilidade. Não aconteceu diferente na Assobecaty, as mulheres constroem a história da entidade. Está na raiz do terreiro ser uma casa de mulheres. Mãe Quiná iniciou a missão religiosa em Pelotas, passando para Mãe Carmen de Oxalá.
A conscientização da dirigente da entidade é fundamental para a afirmação da identidade, assim como para a reconstrução histórica de luta das mulheres, sendo um dos fatores fundamentais para alcançar as conquistas dos espaços religiosos políticos e sociais que a Assobecaty ocupa atualmente.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Iáris Ramalho Cortês
Em março de 2005 o Editorial do Jornal Fêmea, escrito por mim, estava cheio de revolta diante do conselho que o presidente Lula deu a nós mulheres, no dia Internacional da Mulher, para que não fossemos "desaforadas" e não começássemos a "pensar na Presidência da República".
Na matéria fiz uma retrospectiva dos nossos "desaforos" e encontrei a resposta na nossa luta para conseguir votar e ser votada, para entrarmos no mercado de trabalho, para termos 120 dias de licença maternidade, para deixarmos de ser "colaboradoras" e "com-sorte" do marido, pala lutar pelas cotas de mulheres na política e muitas outras reivindicações.
Apontei o porquê de precisarmos continuar sendo "desaforadas" para conseguirmos ganhar o mesmo salário dos homens para um mesmo tipo de trabalho, para deixar de sermos violentadas, assediadas, maltratadas, estupradas. Que precisamos continuar a ser "desaforada" para que a sociedade entenda que nossos corpos nos pertencem, que nossos úteros são parte de nós, que nós é que temos que decidir se e quando termos nossos filhos.

Cinco anos se passaram e o conselho do Presidente parece ter fermentado o íntimo das mulheres brasileiras e uma delas se colocou para enfrentar, com "desaforo" a feroz batalha contra magos da política nacional.
É verdade que aquele que há cinco anos pediu para que a mulher brasileira "não fosse desaforada para pensar na Presidência da República", como que, medindo e pesando aquelas palavras, agora resolveu se redimir e apostar em uma mulher e apostou com todas as forças de seu poder presidencial.
Temos uma mulher eleita para Presidenta da República Federativa do Brasil e, como mulher que sonhava ver outra mulher na presidência, me dou o direito de dizer o que penso para não vê-la decepcionando as mulheres, pois afinal, também sou "desaforada". E pergunto:
E agora Maria?
Escutei atentamente seu pronunciamento de vitória. Você nunca se intitulou "feminista", mas, pelo seu histórico de vida sei que é uma guerreira e toda guerreira tem um pouco de feminismo, mesmo sem saber. Gostei do que falou das mulheres (aconselho um pequeno estagio na SPM para conhecer mais as diversidades de mulheres brasileiras – a brasileira não é a mulher e sim as mulheres).
Você vai ter que ser muito "desaforada" para enfrentar o que lhe espera. Vai precisar ser "desaforada" quando for escolher sua equipe (os gorgulhos do Poder estão de olhos nos cargos) que, esperamos, tenha um razoável numero de mulheres.
Vai ter que ser mais "desaforada" ainda, quando tiver que limpar a Corte Palaciana dos corruptos, fichas sujas, aproveitadores etc.
E quando tiver que decidir sobre o orçamento público aí sim seu "desaforo" deve ser implacável do contrário não erradicará a miséria.
O desenvolvimento econômico jamais deverá sobrepujar o desenvolvimento humano e para isto você vai ter que ser, mais uma vez "desaforada".
E como você vai fazer para separar a religião da política sem ter que ser "desaforada" com os fundamentalistas de plantão?
Há cinco anos disse que além de "desaforadas" precisávamos ser mais apressadas para conseguirmos uma igualdade democrática, uma melhor distribuição das riquezas, maiores oportunidade de trabalho para homens e mulheres, repartição das tarefas domésticas para o cuidado com crianças, familiares idosos, pessoas com deficiência e doentes; políticas públicas realmente implementadas, com equipamentos sociais como creches, lavanderias e refeitórios públicos.
Muito disso só será concretizado se a educação do país incluir estas questões, sem discriminações, sem tabus, sem covardia, desde o ensino fundamental. É outro "desaforo" que terá que enfrentar.
Enfim, desejo que seja "desaforada" e "atrevida", só assim marcará este país com sua passagem.
E, como há cinco anos, trago a mesma frase de Fernando Pessoa: "Tudo parece ousado para quem nada se atreve".
Iáris Ramalho Cortês – sócia do CFEMEA
Brasília, 01 de novembro de 2010

DENÚNCIA

Vá ao site e assine a petição pública: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N4599


Rede Feminista denuncia  propaganda de cerveja que reincide na discriminação racial e de gênero
A Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e demais entidades signatárias vem manifestar seu repúdio e exigir providências públicas cabíveis, somando-se ao Procon Municipal de Vitória (ES) que determinou a retirada da propaganda da Cerveja da marca “Devassa” de uma choperia, e que está publicada na Revista Rolling Stones (Número 51, dezembro de 2010, paginas 6 e 7) e cadernos especiais de jornais, a qual divulga a frase “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra...Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”. 

A referida frase, que vem acompanhada da imagem de uma mulher negra é explicitamente desrespeitosa em relação a essas mulheres, cujo processo de racismo e discriminação a que estão submetidas historicamente no Brasil é caracterizado, entre outras manifestações, pela veiculação de estereótipos e mitos sobre a sua sexualidade. Uma forma de manter barreiras ao seu processo de inclusão na cidadania como pessoas com iguais direitos.

Esta cultura foi legitimada e legitimadora da escravização a que foi submetido o povo negro trazido da África por quase 500 anos, quando as mulheres negras, desde meninas serviam de iniciação sexual dos brancos, afetando suas vidas, saúde, e violando a sua dignidade como pessoas. Discriminações racial e de gênero se somam tornando a luta das mulheres negras pela igualdade um desafio difícil de ser vencido.
O Brasil é detentor de legislação nacional que tipifica e criminaliza o racismo e as discriminações por gênero e raça, é signatário de documentos internacionais que vedam estas manifestações e protegem os direitos humanos. 

Tendo em vista que esta publicidade viola os direitos humanos e a dignidade das mulheres negras, referindo-se ao seu corpo e sua sexualidade, e que a Cervejaria Devassa é reincidente na veiculação de publicidade em que trata mulheres a Rede Nacional Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, apoiada amplamente pelo movimento de mulheres, expressa sua indignação e exige providências do Conselho Nacional de Auto-regulamentação da Publicidade – CONAR, assim como encaminha aos órgãos de defesa dos direitos humanos solicitação de medidas cabíveis. 

REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE, DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MANIFESTAÇÂO DE APOIO AO NOME DA MINISTRA DA SEPPIR

A Bahia se manisfesta Da Bahia é Mulher  é nossa indicação para a SEPPIR. Que Luiza Bairros seja a nova Ministra Negra pela coerência, trabalho e comprometimento com a luta quilombola e sua trajetória histórica no Movimento Negro Unficado. Consuelo Gonçalves. 
Porque?
Não apoiam mais o nome de Nogueira? Já entram em outra barca. ou já vislumbram caso seja Vicente, tentar acharca-lo, como fizeram com os oito de gestão divididos entre Matilde, Edson Santos e Helói. Quem conhece o mn sabe que essa idéia de reunir para tommar decisão é comun de quem se acha representativo, não sei como é em outros estados, o que posso afirmar é que se não é grande na Bahia, para ser grande em outro estado é difícil, o que se fala é que a "grande entidade nacional aqui na Bahia no dia 20, tinha quatro trios eletricos com um monte de gatos pingados, com muito dinheiro, só da SEPPIR, fala-se em R$ 80.000(oitenta mil). a caminhada da Liberdade sem apoio da SEPPIR, segunda a imprensa e a polícia, tinha mais de duzentas mil pessoas.
Nogueira, não serve mais, ou já descobriram que de acordo com os interesses dos que comandam o PT e o Governo inclinam para o nobre Deputado Vicente, para resolver a questão ai de Sampa, com o Velho Jenuíno, que agora é o primeiro suplente.
Eu fico triste por ver a luta ser transformada em moeda de troca sem nenhum valor. Que seja bem vindo caso a Presidente eleita assim o nomei, o que causa-me vomito é essa vulnerabilidade dos que se dizem "lideranças negra" é simplesmente vergonhoso.
Eu como militante negro e filho da luta na Bahia, continuo defendendo que o nome saia do nordeste e melhor ainda da Bahia, por justa representatividade, saibam os oportunistas que quem vem elejendo este projeto que o PT representa é o povo nordestino que popularmente reconhecida com a África Brasileira, é uma pena que os sulistas neguem, mais na prática se comportam como aquela estudante de direito de Sampa, após a vitória de Dilma.
Infelizmente, cada um tem seu preço.
Rbujão

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A data de 25 de Novembro foi estabelecida no Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe realizado em Bogotá, Colômbia, em 1981, em homenagem às irmãs Mirabal.

Las Mariposas, como eram conhecidas as irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria Teresa – foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Neste dia, as três irmãs regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos. Elas
foram detidas na estrada e foram assassinadas por agentes do governo militar. A ditadura tirânica simulou um acidente.

Minerva e Maria Teresa foram presas por diversas vezes no período de 1949 a 1960. Minerva usava o codinome “Mariposa” no exercício de sua militância política clandestina. Este horroroso assassinato provocou a repulsa da comunidade nacional e internacional, em relação ao governo dominicano, e
acelerou a queda do ditador Rafael Leônidas Trujillo.

Em nosso país a violência contra a mulher é constante. Uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem. A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil, num total de cerca de 2 milhões por ano.

Essa violência atinge todas as mulheres, todas as etnias, mas é mais nítida nas mulheres trabalhadoras e jovens, especialmente as negras. No Rio de Janeiro, em pesquisa o “Dossiê Mulher 2010” mostra que as mulheres pretas e pardas (negras, na categoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são a maioria entre as vítimas de homicídio doloso, aquele em que há intenção de matar (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%). As brancas só eram maioria nos crimes de ameaça (50,2%).

Estatísticas da violência

Ainda segundo o dossiê, em 2008, 20.216 mulheres sofreram ameaças, e, em 2009, esse mesmo índice saltou para 24.310. Em se tratando de lesãocorporal, o ano de 2008 registrou 26.876 casos no Rio. Já em 2009, foram 30.103 casos. Os dados indicam também que o Rio é o terceiro estado com o maior número de agressões à mulher em todo o país. Perde para o Estado de São Paulo, com 47.107 casos, e a Bahia, com 32.358. E somente 2% dos agressores são punidos.

Esses dados mostram que a Lei Maria da Penha não tem sido eficaz.  Apresenta inúmeras falhas e são necessárias a construção de casas-abrigos e de passagem, atendimento jurídico e psicológico às vítimas de violência, rápida e efetiva proteção a todas as mulheres que denunciam seus agressores.

Precisamos também de creches, salários e empregos dignos!

Fonte: informe  APN - Agência Petroleira de Notícias - SINDIPETRO-RJ

domingo, 21 de novembro de 2010

Cuidado as Tropás do Aborto Vêm Ai com Toda Força

  1. As tropas contra o aborto vêm aí com toda a força    
     Fonte Blog Xico Vargas
  2. O silêncio das legiões antiaborto, que ajudaram a estancar a crise em torno da candidatura de Dilma Rousseff, apenas indica que esperam a troca de presidentes para apresentar a conta. São basicamente vinte deputados (mas contabilizam 72), de variadas denominações evangélicas, que se atribuem a condição de integrantes da Frente Parlamentar Evangélica e pretendem inaugurar a próxima legislatura com a instalação da CPI do Aborto. A pauta é ampla, mas suas excelências prometem concentrar o trabalho na caça às clínicas que realizam abortos ilegais e ao mercado fornecedor do que classificam como "medicamentos abortivos".
    Cytotec - já regulado por normas extremamente rigorosas da ANVISA - à parte, o que os deputados querem realmente é ver aprovado de vez o Estatuto do Nascituro, que vem a ser o projeto de lei 478/07, dos deputados Luiz Bassuma (PT-BA) e Miguel Martini (PHS-MG), com substitutivo da deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). Obra máxima do obscurantismo, o Estatuto acaba com qualquer discussão sobre aborto, pois sequer ressalva as duas hipóteses em que a legislação atual admite: estupro e risco de vida para a mãe. Só aí já afronta o Direito ao estabelecer o entendimento tácito sobre ambos os casos. De quebra, liquida com a ciência que pesquisa tratamentos com células-tronco de embriões. Além de classificar o aborto como crime hediondo e, portanto, imprescritível, o projeto chega ao absurdo de prever para o estuprador o pagamento de pensão à criança que eventualmente resulte do crime. É o primeiro passo para a descriminalização do estupro.Mais cruel, porém, do que a treva que semeia é não conter o projeto uma única palavra sobre as mulheres que anualmente se submetem a abortos inseguros no Brasil (mais de um milhão) ou as que chegam aos hospitais em consequência dessas intervenções (quase 400 mil), muitas das quais herdam da experiência sequelas definitivas, outras tantas morrem.
    Imaginar que existam vinte (ou 72) cabeças capazes de produzir e defender o PL 478/07 oferece tênue ideia da próxima legistura. Mais ainda se entrar na balança a guerra santa que tingiu o segundo turno da eleição e a fatura a ser cobrada. O Estatuto já passou na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Faltam duas para ir a Plenário e não há na linha do horizonte sinais de resistência. Ao contrário. Desde que a CNBB, em 2005, passou a mão na cabeça do governo em plena crise do mensalão as vozes que discursavam no Planalto pelos direitos da mulher tornaram-se murmúrio. Acabaram silenciadas.
IMS/UERJ - R. São Francisco Xavier, 524, 6º Andar, BL E-20550-013-Rio de Janeiro-

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Políticas para mulheres e mulheres na 

política

 


Em entrevista à CartaCapital a cientista social Tatau Godinho faz uma análise da situação da mulher na política, fala sobre desigualdade de gêneros e da postura da oposição diante de uma mulher na presidência. A Paula Thomaz. Foto: Roberto Stuckert/Divulgação

Em entrevista à CartaCapital a cientista social Tatau Godinho faz uma análise da situação da mulher na política, fala sobre desigualdade de gêneros e da postura da oposição diante de uma mulher na presidência
Desde o início da campanha eleitoral Dilma Rousseff gerou uma expectativa entre as mulheres brasileiras em relação à questão feminina na política. Passado o segundo turno e conhecido o resultado, o Brasil ganha uma mulher como presidente, a primeira da história, eleita com 56% dos votos válidos contra 44% para o oponente José Serra.
Para fazer uma análise dos ganhos da população feminina com a eleição de Dilma à presidência, o site de CartaCapital entrevistou a cientista social dedicada à temática do feminismo e política, Tatau Godinho. Ela acredita que “as questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana”. Mas isso também depende de uma presença mais forte do movimento de mulheres para que sejam feitas mudanças no sentido progressista. E avisa: “o campo da oposição provavelmente se apoiará em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições.”
A Paula Thomaz
CartaCapital: Como você vê a situação da mulher hoje na política em termos de participação e de políticas voltadas ao gênero feminino?
Tatau Godinho
: A presença das mulheres na política tem aumentado nos últimos anos. Em termos de políticas públicas, questões específicas voltadas à saúde das mulheres, o combate à violência e mesmo uma ampliação nos horizontes profissionais têm sido alvo de atenção dos governantes. Mas uma alteração mais profunda nas desigualdades entre homens e mulheres ainda está por vir.
Quanto à participação, no entanto, os espaços da política mais institucionalizados ainda são um gueto masculino. Fala-se muito na necessidade da presença das mulheres, mas o fato é que direções dos partidos, no parlamento, nos cargos executivos e de direção, as mulheres ainda aparecem como uma exceção.
E isso reflete uma realidade presente em, praticamente, todas as outras áreas da sociedade. O comando das empresas, as direções dos jornais, de outros meios de comunicação, por exemplo, ainda são lugares onde a presença das mulheres é quase simbólica.
CartaCapital: Existem mais mulheres que homens no Brasil, a mulher é responsável, em muitos casos, pela educação dos filhos, tem contribuição efetiva na sociedade, tem um dia internacional dedicado a ela. Por que quando se trata de política tudo isso parece se reduzir?
TG
: A ampliação da presença das mulheres no mundo público, isto é, fora do âmbito da família, continua totalmente vinculada a uma sobrecarga colocada sobre elas em relação ao cotidiano, à vida familiar, ao cuidado com as pessoas. As mulheres assumem novas tarefas, mas muito pouco se alterou nas relações de poder. E a política é o espaço concentrado das dinâmicas de poder na sociedade. É ali que são definidos boa parte dos grandes grupos de interesses, dos destinos dos países. Obviamente, as disputas políticas não ocorrem apenas nos espaços tradicionais ou institucionais. Mas é um sintoma da fragilidade da democracia a exclusão tão recorrente das mulheres.
CartaCapital: Quais os avanços poderão ser conquistados pelas mulheres, na política, com a eleição de Dilma Rousseff à presidência da República?TG: Sem dúvida uma mulher na Presidência da República já representa, de saída, uma quebra de barreiras. O principal cargo político do país é uma referência necessária para os debates, as articulações políticas, para as mais diversas áreas em torno das quais a sociedade se mobiliza. Tem uma influência importante, também, no imaginário social em relação às mulheres. Mas as mudanças mais concretas, em termos de políticas, dependem da insistência que a presidenta tiver em fortalecer uma agenda voltada para a igualdade. As questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana. E é muito importante uma presença mais forte do movimento de mulheres para que isso seja feito em um sentido progressista. O campo de oposição, provavelmente, se apoiará também em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições. Por isso, para garantir um avanço, acredito que seja necessário que a sociedade se mobilize no sentido de possibilitar um efetivo avanço de direitos. Dilma Rousseff tem um histórico de atuação rompendo espaços em áreas muito fechadas às mulheres e, acredito, que isso dará a ela uma boa experiência de como lidar em um ambiente adverso.
CartaCapital: O que muda na bancada feminina no Congresso com a eleição de Dilma?
TG: 
As deputadas e senadoras têm uma oportunidade inédita de fortalecer sua voz no Congresso. Mas é preciso se apoderar dos sinais indicados pela futura presidenta, de que valoriza o aumento da participação política das mulheres, e consolidar novas lideranças nas disputas concretas que compõem o dia a dia do Congresso. Esse é um momento privilegiado para que as parlamentares mulheres reforcem sua presença e, mais especialmente, para que a bancada feminina apareça como uma forte articuladora de reivindicações de políticas que incidam sobre a desigualdade entre mulheres e homens. Para isso é necessário que a atuação se paute por uma plataforma ampla, que não fique apenas em temas de menor incidência, ou nas áreas que são consideradas tradicionalmente mais receptivas à participação das mulheres. Há questões fundamentais em relação ao mundo do trabalho, no âmbito da política econômica e de desenvolvimento, da previdência, ou a reforma política e partidária, como mencionado anteriormente, que são muito importantes. Isso vai depender da atuação das parlamentares comprometidas com essa agenda. Ampliar o número de mulheres é muito importante, mas mudanças reais para as mulheres só ocorrerão se isso se combina com uma agenda de propostas e reivindicações para alterar as condições de desigualdade e discriminação vividas pelas mulheres.
CartaCapital: Em reunião de transição dos ministérios na segunda-feira 8, Dilma anunciou que quer mais mulheres no primeiro escalão do governo. O que achou dessa atitude da presidente?
TG: 
É muito positivo que Dilma tenha acenado, logo de início, com a importância de ter uma presença maior das mulheres em cargos chaves do governo. Com certeza os partidos vão resistir. Afinal, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Nem na física nem na política. E a concentração masculina nas redes de direção é brutal. Não são apenas os dirigentes partidários. Isso inclui os quadros do parlamento, das direções sindicais, das universidades ou outras entidades da sociedade. A insistência da presidenta em compor um governo com maior presença de mulheres obrigará os partidos, e toda a sociedade, a discutir a questão.
Em outros países, houve um processo semelhante. Como na Espanha, por exemplo. E isso cria, de fato, possibilidades de mudanças.
CartaCapital: Falando de gênero, para você as mulheres são iguais aos homens, têm necessidades específicas ou lhes faltam alguns privilégios concedidos aos homens?TG: Quando se fala em igualdade entre mulheres e homens, o sentido é a igualdade social e política. É evidente que na sociedade os homens têm imensos privilégios em todos os âmbitos: renda mais alta, acesso a melhores postos e empregos, mais tempo de lazer, dominam os espaços de poder político e econômico na sociedade. E isso se articula com todas as vantagens que têm no campo da vida pessoal e familiar, em relação ao cuidado com os filhos, ao trabalho doméstico, e nas questões ligadas à sexualidade. É isso que é preciso mudar. Há um pensamento conservador que atribui às mulheres um papel centrado na maternidade e na família. Isso é cultivado. É um mecanismo que justifica a falta de responsabilização masculina. Assim os homens ficam livres para o poder, enquanto as mulheres cuidam da sobrevivência. É essa a divisão que precisa ser superada na sociedade. Naturalizar o papel das mulheres na família, na maternidade, nas funções do cuidado é negar às mulheres a posição de igualdade e racionalidade e, em última instância, deixar as funções de direção e poder efetivos da sociedade, a elaboração da cultura e da ciência para os homens.
CartaCapital: Chegaremos a um dia em que a desigualdade de gêneros será superada?
TG: 
Eu acredito que sim. Para uma superação efetiva das desigualdades é preciso uma mudança mais geral. A sociedade capitalista absorve e rearticula as relações de dominação compondo uma dinâmica de desigualdade que favorece a exploração, a concentração de renda, a manutenção de padrões de opressão em diversos níveis. A superação da desigualdade de gêneros é uma perspectiva libertária, de uma sociedade livre com seres humanos vivendo em plenitude suas capacidades. E isso exige a mudança do modelo de sociedade atual, em que as desigualdades são parte da organização necessária das relações sociais. Mas isso não significa jogar as reivindicações para um futuro distante e abstrato. É preciso investir para que as mudanças sejam implantadas desde agora. Toda mudança é um processo político e social que envolve também conflitos. E nós não podemos deixar de enfrenta-los.
CartaCapital:Qual tem sido a importância da Secretaria de Políticas para Mulheres desde a sua criação?
TG
: A criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi uma iniciativa muito importante do governo. Ela buscou construir uma agenda para todo o governo. Em algumas questões, como a proposta de implantar uma política de combate à violência sexista, os avanços são mais claros. Em outras áreas, ainda há muito o que fazer. Os esforços da SPM em coordenar um plano geral de políticas para as mulheres são significativos e as dificuldades são muito grandes. É necessário uma consolidação maior dessa política no próximo governo.
CartaCapital: Como você acredita que a sociedade brasileira enxerga a falta do primeiro cavalheiro ao lado de Dilma?
TG
: Essa é uma discussão que demonstra o grau de conservadorismo na sociedade. Afinal, a discussão só existe porque os espaços de poder são considerados lugares para os homens e não para as mulheres. O cargo de primeira-dama é a pior simbologia do atraso em relação às mulheres: significa que o lugar para elas é de esposa, e não de dirigente. É a reafirmação de que para as mulheres o espaço legítimo é o mundo privado e não a esfera pública, como é o caso da política. Além do mais, isso ainda se combina com o clientelismo que enxerga a política de assistência social como caridade e não como direito!
Chama a atenção o quanto mesmo os setores pretensamente mais modernos da sociedade reforçam esse papel e esse lugar para as mulheres. E, inclusive, criticam as mulheres que se recusam a aceitar esse papel. Que, sendo mais informal, é tudo de atrasado, de medíocre e de “brega”.
Uma mulher na presidência tem, além de tudo o mais, a vantagem de nos livrar dessa discussão.
CartaCapital: Chamar Dilma de presidente ou presidenta faz diferença?
TG: É uma questão simbólica. Não é decisiva mas possibilita marcar o significado da eleição de uma mulher para a presidência. E forçar um pouquinho a Língua Portuguesa a se adaptar a um mundo de homens e mulheres também nos cargos, carreiras e funções antes ocupados apenas por homens.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ativismo de senadores
Foto: JOSÉ_CRUZ . .
A ministra também apresentou a campanha "Homens Unidos pelo Fim da Violência contra as Mulheres", que teve pronta acolhida dos senadores Augusto Botelho, Geraldo Mesquita Júnior, Cristovam Buarque e Romeu Tuma. "Grandes ações e pequenos gestos do cotidiano são fundamentais para o combate à violência contra as mulheres. Coloquei na minha página o selo da Central 180. A Lei Maria da Penha foi um grande avanço contra uma cultura de violência. As campanhas de violência contra as mulheres devem ser permanentes, porque a informação é fundamental para a desconstrução da violência", considerou o senador Mesquita Júnior que propôs a criação de um índice para aferir a violência contra as mulheres e a classificação da violência contra as mulheres como crime hediondo. Entusiasta da campanha, o senador Cristovam Buarque comprometeu-se em obter 100 assinaturas para a campanha "Homens Unidos pelo Fim da Violência contra as Mulheres" e convidou os senadores para ações do mesmo tipo. "Temos de romper com amigos que praticam ou são coniventes com a violência contra as mulheres, a exemplo do que fazíamos na ditadura", declarou Cristovam ao rememorar sua campanha de 1994 ao governo do Distrito Federal, quando se deparou com relatos de violências contra as mulheres. "Contem comigo como ativista da campanha, estou aqui junto e onde for preciso", completou.
Blog Mulheres em Pauta : http://200.130.7.5/informativo2/informativo2/informativo7.asp?Edicao=59

Por que 16 dias?

O período de 25 de novembro a 10 de dezembro foi escolhido como foco de ação da Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres por compreender quatro datas significativas na luta pela erradicação da violência contra as mulheres e garantia dos direitos humanos. No Brasil, a Campanha começa mais cedo, dia 20 de novembro, para destacar a dupla discriminação sofrida pelas mulheres negras.


20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra

Instituído em 1978, o Dia Nacional da Consciência Negra lembra a inserção do negro na sociedade brasileira e sua luta contra a escravidão. A data lembra o dia 20 de novembro de 1695, dia do assassinato de Zumbi dos Palmares, ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade. 

25 de novembro – Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres

Homenagem às irmãs Mirabal, opositoras da ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana. Minerva, Pátria e Maria Tereza, conhecidas como "Las Mariposas", foram brutalmente assassinadas no dia 25 de novembro de 1960.

1º de dezembro – Dia Mundial de Combate à Aids

No dia 1º de dezembro, o mundo se mobiliza para promover ações de combate à Aids.  No Brasil, todos os anos o Ministério da Saúde promove a Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids, que busca estimular a prevenção e diminuir a disseminação do vírus HIV. Estatísticas indicam crescimento significativo e preocupante de casos de mulheres contaminadas, inclusive no Brasil, fato que levou o Governo brasileiro a lançar o Plano de Enfrentamento da Feminização da Aids e outras DST.

6 de dezembro – Massacre de Mulheres de Montreal (Canadá)

Quatorze estudantes da Escola Politécnica de Montreal foram assassinadas, no dia 6 de dezembro de 1989. O massacre tornou-se símbolo da injustiça contra as mulheres e inspirou a criação da Campanha do Laço Branco, mobilização mundial de homens pelo fim da violência contra as mulheres. No Brasil, a partir de 2007, é o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (Lei nº 11.489, de 20/06/2007).

10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos

No dia 10 de dezembro de 1948, a Declara ção Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), como resposta à violência da Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, os artigos da Declaração fundamentaram inúmeros tratados e dispositivos voltados à proteção dos direitos fundamentais. A data lembra que violência contra as mulheres é uma violação dos direitos humanos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ASSOBECATY seleciona jovens para o Telecentro BR, Telcentro e Bibilhoteca Moab Caldas

O Terreiro tradicional de Mãe Carmen de Oxalá , assim reconhecido, mas também identificado como  uma das maiores referências  sócio-culturais  do estado do Rio Grande do Sul, pelo  pioneirismo de implantar no ano de 1994 , a Biblioteca Moab Caldas, dentro de um espaço de religião afro. Para quem não sabe, a mesma foi a primeira no bairro Jardim Santa Rita, atendendo alunos e a comunidade do bairro, inclusive tiveram por alguns anos, apoio da Secretaria Municipal de Educação, que cediava  professores para o atendimento ao público. A entidade enfrentou a  falta de recursos para atualizá-la,  a falta de vontade politica de apoiar a iniciativa, essa ação provocou o impacto nas escolas do bairro  municipais e estadual, que  foram se organizando e implantando bibliotecas  na seguência  houve a explosão  tecnologia,  esses são alguns  fatores que tornaram o espaço obsoleto.


"Somos protagonistas em comunicação", essas são as palavras de Mãe Carmen de Oxalá  e  foi com  essa convicção,  que levou a religiosa a discutir em todas as instâncias oficiais a comunicação comunitária, como direito igual para os afroreligiosos, e esse diálogo culminou  no Ministério da Comunicações, por alguns anos, ao  apresentar os argumentos e fundamentações foi agregando simpatia e apoio de profissionais  conceituados de comunicação do país. Por questões  legais , já havia outro pedido oficial de rádio comunitaria, no mesmo bairro , foi suficiente para o ministério das comunicações arquivar o processo.


Da mesma forma esse arquivamento não foi suficiente para cessar o diálogo  revendicatório, nesse no ano  a diretora da Assobecaty,  que havia respondido o edital para telecentros foi recentemente contemplado pelos Ministério das  Comunicações, Ministério de Planejamento Ministério de tecnologia, Ministerio da Cultura e Seppir com o Programa Telecentro BR, ele será o instrumento de revitalização da Bibilhoteca Moab Caldas. Por essas questões a entidade torna pública a seleção  para bolsista remunerado, com duração de um ano pago pelo governo federal um bolsa, devendo os candidatos interessados entregar currículo impresso na Rua Wenceslau Fontoura, 226, Santa Rita; possuir idade entre 16 e 29 anos, possuir ou estar cursando o ensino médio, mediante compravação de matrícula e frequência. Os candidatos ainda deverão ter disponibilidade de 6 horas diárias, incluídas as horas de participação de curso à distância integrado ao Programa Telecentros BR; ter capacidade de dialógo, capacidade de facilitar a formação de novas lideranças, ter trajetória de envolvimento participativo na comunidade e ter capacidade de mobilização.


Informamos aos interessados que tais requisitos mencionados são critérios próprios do programa e unificados a nível nacional. A seleção será feita pela Psicóloga da ONG e acompanhada pelo Conselho Fiscalizador da entidade, eleito em assembléia prévia promovida pela mesma. Informações podem também ser obtidas  com Débora - Psicóloga da ONG - celular (51) 84030469 e Carmen Lúcia - Gestora e Presidente da ASSOBECATY - celular (51) 84945770.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Envolverde Revista Digital, destaca "A prevenção é o flanco mais fraco" destaca a XVIII Conferência Internacional sobre Aids, na fala dos especialistas, vejamos:




Santiago, Chile, 22/7/2010 – Muitos países latino-americanos mostram avanços em leis e políticas que promovem a educação sexual e os serviços de saúde para jovens, indispensáveis na luta contra a aids. Entretanto, sua implementação efetiva continua sendo lenta e confrontada, alertam especialistas. Enquanto acontece em Viena a XVIII Conferência Internacional sobre Aids, a IPS rastreou o nível decumprimento da declaração “Prevenir com Educação”, o compromisso firmado pelos ministros da Educação e da Saúde da América Latina e do Caribe por ocasião da conferência anterior, realizada em 2008 no México.

O último informe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Onusida) indica que quase 33,4 milhões de pessoas vivem com essa doença no mundo, dois milhões delas na América Latina e no Caribe. A maior prevalência ocorre no Brasil e no México, e as relações sexuais sem proteção são a principal via de transmissão. Um dos maiores desafios para a região, que apresenta alta cobertura de tratamento antirretroviral, é a prevenção de novas infecções com estratégias baseadas em evidências e focadas em populações vulneráveis, como homens que praticam sexo com homens, trabalhadoras sexuais e usuários dedrogas injetáveis, entre outras.

As principais metas da declaração ministerial, com prazo para cumprimento até 2015 e tendo por base 2008, são a redução em 75% do número de escolas sem educação integral em sexualidade, e em 50% do número de jovens que carecem decobertura de serviços de saúde para atender apropriadamente suas necessidades sexuais e reprodutivas. Neste contexto, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) trabalha nas chamadas Diretrizes Globais para a Educação em Sexualidade.

“Houve avanços (em relação à declaração), mas não as que gostaríamos”, disse à IPS Aléxis Sorel, integrante da Rede de Sexualidade e Democracia (Demysex), entidade não governamental mexicana que levou a Viena um glossário com cem conceitos sobre educação sexual homologados na região.

Entre esses avanços, a diretora regional do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Marcela Suazo, destaca os casos da Colômbia, com destinação de recursos para programas educativos e de serviços de saúde, e Cuba, com uma “experiência importante que mostra o vínculo entre as políticas de Educação e Saúde”. “Outros países, como Brasil e Argentina, avançaram em legislações em saúde sexual e reprodutiva, que garantem a incorporação nos programas de educação de ações voltadas à prevenção, promoção e cuidados com a saúde”, disse à IPS. Também são feitos esforços nesse sentido em El Salvador e na Guatemala, acrescentou.

Aléxis, por sua vez, enumerou como progressos no México a revisão da grade curricular nos cursos primário e secundário e a capacitação docente. Na capital desse país, governada pela esquerda, haverá, a partir do ano letivo 2010-2011, aulas de educação sexual e gênero, avalizadas pelo Ministério da Educação Pública, do governo nacional do conservador Partido Ação Nacional. O Ministério distribuiu uma cartilha para adolescentes que inclui referência aos métodos anticoncepcionais existentes. Mas o ativista criticou o que considera retrocessos em alguns Estados.

No Brasil, houve avanço na “estruturação de políticas nacionais” para educação sexual nas escolas, incluindo doenças sexualmente transmissíveis (DST) e discriminação homofóbica, em uma aliança entre os ministérios da Saúde e da Educação, disse à IPS Juan Carlos Raxach, assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). “Na prática, é difícil fazer com que todas as escolas assumam esse compromisso e as mudanças são lentas”, acrescentou.

Segundo Juan Carlos, também há “ações pontuais” de sucesso e interessantes, como o material sobre educação sexual para distribuição nas escolas elaborado pela própria Abia. A seu ver, fora da escola faltam ações de educação sexual específicas para os adolescentes e jovens. Considera-se que estão cobertos pelas campanhas gerais de prevenção, como as que estimulam o uso de camisinha, mas esse setor da população não se identifica com as mensagens, seja pelo vocabulário ou pelo espírito das iniciativas, explicou.

No Chile, o coordenador do recém-criado Programa de Educação Sexual da escola de Trabalho Social da Universidade Arcis (privada), Leonardo Arenas, fez uso da Lei de Transparência e Acesso à Informação Pública para consultar o Ministério da Educação sobre o cumprimento dos compromissos assinados por este país no México. Na resposta, à qual a IPS teve acesso, a pasta diz que os princípios da declaração estão “contidos na Política de Educação em Sexualidade e Afetividade do Ministério” no período 2005-2010, da qual Leonardo só destaca como avanço a capacitação de mais de cinco mil professores.

Embora o tema tenha sido incorporado nas grades curriculares, “isto não se traduz necessariamente em ações nos colégios”, devido à autonomia educativa destes, disse Leonardo à IPS. As escolas públicas, de administração municipal, dependem da ideologia do prefeito da vez, afirmou. “Desde a assinatura da declaração no México, houve pouco avanço em matéria de educação sexual”, disse a diretora do Programa de Gênero e Igualdade da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sócias, Claudia Dides. Não se sai dos “planos-pilotos” por questões de valores, disse à IPS.

Neste país, que registra aumento nas DST em adolescentes e onde a gravidez em menores de 19 anos não para, também sobressai a aprovação, em 2009, de uma lei que fixa normas sobre informação, orientação e prestações em matéria de regulação da fertilidade. Esta legislação determina, entre outras coisas, que os estabelecimentos de ensino devem incluir no ciclo secundário um programa deeducação sexual. No entanto, o respectivo regulamento espera aprovação por atrasos após a mudança de governo em março.

Na Guatemala, são vistos avanços. No dia 9, os ministérios da Saúde e da Educação assinaram um acordo, também chamado Prevenir com Educação, de cooperação institucional para combater o HIV e a aids, a gravidez na adolescência e a violência sexual. “Houve avanços. Um dos mais significativos é a assinatura deste convênio que demonstra que os ministérios estão assumindo o papel que lhes cabe”, disse à IPS Mirna Montenegro, do Observatório de Saúde Reprodutiva. De fato, espera-se que este ano comece a educação sexual nas aulas, acrescentou. Além disso, foi aprovada, no ano passado, a regulamentação da lei de Planejamento Familiar, promulgada em 2005, que ordena ao Ministério da Saúde e a outras instituições públicas e privadas que forneçam métodos modernos para esse fim à população.

Na Argentina, embora exista desde 2006 uma lei que incluiu a criação do Programa Nacional de Educação Sexual Integral, a avaliação da não governamental Fundação de Estudos e Pesquisa da Mulher (Feim) não é de todo positiva. Apesar de o Ministério da Educação elaborar o programa e o conteúdo, os governos provinciais ainda não o colocam em prática, “por isso ainda não é possível avaliar o impacto das ações”, concluiu esta entidade. “Os avanços são escassos na Argentina. A falta de decisão política do governo nacional e da maioria dos provinciais, somada à forte pressão dos setores conservadores, religiosos ou não, constitui o principal obstáculo”, disse Feim. IPS/Envolverde

* Com colaboração de Danilo Valladares (Guatemala), Emilio Godoy (México), Marcela Valente (Buenos Aires) e Mario Osava (Rio deJaneiro).
Por Daniela Estrada, da IPS/Envolverde) 

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O MARCO HISTÓRICO ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL A EGBOMY CONCEIÇÃO REIS DE OGUM–REPRESENTA A RELIGIÃO AFRO

Data: 21/07/2010

Prestigiada por autoridades e grande público, cerimônia valoriza militância negra

Solenidade de Sanção do Estatuto da Igualdade Racial

O Salão Brasília do Palácio do Itamaraty, que já comportou tantas e tão importantes solenidades oficiais, foi o lugar escolhido para a sanção do Estatuto da Igualdade Racial, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeira lei a dispor sobre os direitos da população negra brasileira, o Estatuto foi sancionado, dia 20 de julho, sem veto a nenhum dos seus 65 artigos. Tanto o presidente quanto o Ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araujo, discursaram sobre a importância de reparação de uma dívida histórica com os afro-brasileiros.

“Hoje nós estamos um pouco mais negros; um pouco mais brancos; e um pouco mais em paz”, disse o Presidente Lula ao fim de seu discurso. Nele, afirmou, ainda, que para se continuar avançando nas mudanças sociais e na promoção da igualdade racial no país, ia precisar daqueles que criticaram as mudanças que o Estatuto sofreu no Senado. O presidente referia-se aos que se opuseram à redação final do documento que tramitou por cerca de dez anos pelas duas casas legislativas. Na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o Estatuto teve suprimido, pelo Senador Demóstenes Torres, presidente da comissão e relator da matéria, o capítulo que assegurava cotas para negros nas universidades públicas. Esta emenda supressiva foi uma das que provocou maior discordância e protestos em parcelas dos movimentos sociais negros.

Mas, na opinião do presidente Lula, era melhor ver aprovado o texto, com alguns benefícios garantidos, do que ficar a matéria parada mais 150 anos nas gavetas do Congresso. Já o ministro Eloi esclareceu que o Estatuto é um diploma de ações afirmativas, e que as cotas estão entre elas. Portanto, mesmo suprimindo a palavra do texto da nova lei, as cotas, como “um meio de ação afirmativa”, continuam asseguradas pelo documento. Também de acordo com o Ministro da SEPPIR, o Estatuto é o instrumento legal a ser usado para se garantir que sejam mantidas as cotas na Universidade de Brasília (UnB). Esta modalidade de ação afirmativa, que vigora naquela instituição, vem sendo contestada por setores da sociedade e foi motivo da audiência pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal, em março deste ano.

  - Nada disso teria acontecido se o Brasil dependesse daqueles que entraram até com recurso no STF contra as cotas afirmativas que criamos para a juventude pobre e negra”, afirmou o presidente Lula, referindo-se aos avanços citados tanto por ele, quanto por Eloi Ferreira, ocorridos na direção da promoção da igualdade racial no Brasil.

A cerimônia levou dezenas de pessoas ao local, entre autoridades, convidados ligados aos movimentos negros, representantes de comunidades de religião de matriz africana, crianças integrantes de grupos de capoeira, entre outros. Na ocasião, também foi sancionada a lei que cria a Universidade Federal da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), cuja sede será na cidade de Redenção, no Ceará.

Do sul-africano Nelson Mandela ao ativista e ex-senador Abdias Nascimento, passando pelo marinheiro negro João Cândido, que capitaneou a Revolta da Chibata, em 1910, e ainda, pelas mães e pais de santo que protagonizaram a resistência nos terreiros de candomblés e umbanda, perseguidos ao longo de décadas, vários foram os personagens citados por Eloi Ferreira como protagonistas da luta negra no Brasil. “O estatuto coroa o esforço de muitos e muitos anos” de valorosos e inúmeros militantes, destacou o Ministro.

No salão, o público dividiu o espaço com autoridades tais como, os ministros Fernando Haddad, da Educação; Celso Amorim, das Relações Exteriores, Juca Ferreira, da Cultura; Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social; Márcia Lopes, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orlando Silva, do Esporte; Márcio Fortes, das Cidades, e ainda Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas das Mulheres e Paulo Vanucchi, da Secretaria de Direitos Humanos. Também estiveram presentes Cid Gomes, governador do Estado do Ceará, assim como os senadores Paulo Paim (PT/RS) e Inácio Arruda (PC do B/CE), e os deputados federais Edson Santos (PT/RJ), José Eduardo Cardoso (PT/SP), José Pimentel (PT/CE) e Mauro Benevides (PMDB/CE).

Comunicação / SEPPIR/PR

egbomy conceição, eloi ferreira e lula

Egbomy Conceição, Ministro Eloi Ferreira de Araujo e Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Acesse aqui um trecho do discurso do Presidente Lula.

domingo, 11 de julho de 2010

MOVIMENTO BASTA

Tchubaruba -q: Basta

Diante dos últimos casos de violência contra as mulheres (caso do assassinato de Eliza e do estupro da adolescente no sul do país) , a Articulação de Mulheres Brasileiras – Rio e Casa da Mulher Trabalhadora atualizou o manifesto POR MIM, POR NÓS E PELAS OUTRAS: NÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, que foi feito no Caso da Jovem Eloá e assinado por várias instituições na época.
Não podemos ficar caladas diante da violência!
“As providências tomadas pela vítima, não foram suficientes para proteger sua vida, e Samudio encontra-se desaparecida há mais de 3 semanas. A notícia vem dominando a imprensa.
Entretanto, outros casos de violência praticada por companheiros contra mulheres vêm à tona ao mesmo tempo:
·         Orestina Soares, de 53 anos, foi morta a pedradas por seu namorado em Duque de Caxias;
·         Antônia Eliane Faias, em novembro do ano passado, foi torturada por seu ex-marido com mais de 30 facadas pelo corpo e em conseqüência está obrigada a usar próteses e caminhar com a ajuda de muletas;
·         Dayana Alves da Silva, 24 anos, morreu após dois meses de internação, em conseqüência de queimaduras provocadas por seu ex-marido enquanto trabalhava, no Engenho de Dentro. Esta jovem já havia registrado três ocorrências contra o ex-marido em uma DEAM, inclusive no dia anterior ao crime, sem que qualquer providência fosse tomada.” (Fragmento do Manifesto)

Veja o manifesto completo e assine sua adesão neste endereço : http://www.petitiononline.com/mulher8/petition.html

Leva só alguns segundos para você se manifestar a favor de muitas vidas.
SUA ASSINATURA É  SUPER IMPORTANTE E URGENTE!
fonte: Sede de que? 

terça-feira, 6 de julho de 2010

Média registrada em dez anos fica acima do padrão internacional; motivação geralmente é passional

 

SÃO PAULO - Em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimasde homicídio – índice de 4,2 assassinadas por 100 mil habitantes. Elas morrem em número e proporção bem mais baixos do que os homens (92% das vítimas), mas o nível de assassinato feminino no Brasil fica acima do padrão internacional.
Os resultados são um apêndice, ainda inédito, do estudo Mapa da Violência no Brasil 2010, do Instituto Zangari, com base no banco dedados do Sistema Único de Saúde (Datasus). 
Os números mostram que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).


Algumas cidades brasileiras, como Alto Alegre, em Roraima, e Silva Jardim, no Estado do Rio, registram índices de homicídio demulheres perto dos mais altos do mundo. Em 50 municípios, os índices de homicídio são maiores que 10 por 100 mil habitantes. Em compensação, mais da metade das cidades brasileiras não registrou uma única mulher assassinada em cinco anos. 

Outro contraste ocorre quando são comparados os Estados brasileiros. Espírito Santo, o primeiro lugar no ranking, tem índices de 10,3 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. No Maranhão é de 1,9 por 100 mil. “Os resultados mostram que a concentração de homicídios no Brasil é heterogênea. Fica difícil encontrar um padrão que permita explicar as causas”, afirma o pesquisador Julio Jacobo Wiaselfisz, autor do estudo.

São Paulo é o quinto Estado menos violento do Brasil, com índice de 2,8 por 100 mil habitantes. Mas a taxa é alta se comparada à de Estados americanos, como Califórnia (1,2) e Texas (1,5). “Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência contra a mulher”, diz a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde estuda homens autores de violência. 

Motivação
Para aumentar a visibilidade do problema e intimidar a ação dos agressores, a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, foi comemorada pelas entidades feministas por incentivar as mulheres a denunciar crimes de violência doméstica, garantindo medidas deproteção para a mulher e punições mais duras e rápidas contra agressores. 
Mas a nova lei não impediu o assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, morta em janeiro diante das câmeras pelo ex-marido, alvo de oito denúncias. Nem uma série de outros casos que todos os dias ganham as manchetes dos jornais.

Ainda são raros os estudos de casos que analisam as motivações de assassinos que matam mulheres. De maneira geral, homens se matam por temas urbanos como tráfico de drogas e desordem territorial e os crimes ocorrem principalmente nas grandes cidades. Mulheres são mortas por questões domésticas em municípios de diferentes portes. 
“No caso das mulheres, os assassinos são atuais ou antigos maridos, namorados ou companheiros, inconformados em perder o domínio sobre uma relação que acreditam ter o direito de controlar”, explica Wânia Pasinato Izumino, pesquisadora do Núcleo de Estudo da Violência da USP.

Em um estudo das motivações de 23 assassinatos contra mulheres ocorridos nos cinco primeiros meses deste ano e investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP), em 25% dos casos o motivo foi qualificado como torpe. 
São casos como negativas de fazer sexo ou de manter a relação. Em 50% das ocorrências, o motivo foi qualificado como fútil, como casos de discussões domésticas. Houve 10% de mortes por motivos passionais, ligados a ciúmes, por exemplo, e 10% relacionado ao uso ou à venda de drogas. 
“Por serem ocorrências domésticas, às vezes a prevenção a casos como esses são mais difíceis”, afirma a delegada Elisabete Sato, chefe da divisão de Homicídios do DHPP.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da mulher - gênero e etnia

Sou forte, sou guerreira,
Tenho nas veias sangue de ancestrais.
Levo a vida num ritmo de poema-canção,
Mesmo que haja versos assimétricos,
mesmo que rabisquem, às vezes,
a poesia do meu ser,
mesmo assim, tenho esta mantra em meu coração:
“Nunca me verás caída no chão”.
Trecho do poema de Esmeralda Ribeiro


Na semana do Dia Internacional da Mulher a Assobecaty foi convidada oficialmente para a abertura das atividades da Semana da Mulher do Município de Guaíba, ocorrido no dia 05 de março no Plenarinho da Prefeitura. No inicio do evento foi realizado a leitura da mensagem da Assobecaty, entregue ao público presente. A palestra Diferenças: gênero e etnia, realizada pela Mãe Carmen de Oxalá, destacou a importância da mulher negra brasileira e a necessidade desta reflexão.
Mãe Carmen apresentou a entidade e discutiu o papel da mulher negra na sociedade. O prefeito de Guaíba, Manoel Stringhini abriu a discussão destacando a importância da mulher negra estar participando pela primeira vez na semana da mulher. A palestrante Beatriz Picolli, do Centro de Referência da Mulher, representando a governadora Yeda, parabenizou a Assobecaty pelo trabalho realizado.
Também estavam na mesa representantes da Coordenadoria Municipal dos Direitos da Mulher de Guaíba, CODIN e Secretaria de Turismo Desporto e Cultura. Compareceram ao evento, yalorixás, babalorixás, mulheres da comunidade e representante de movimentos sociais. Durante a semana ocorreram palestras, prestação de serviços como corte de cabelo e manicure, no dia 08 de março foi realizada a Caminhada pela Paz com saída em frente à Prefeitura Municipal de Guaíba com destino à Praça da Bandeira.

Legenda:
01 – Mãe Carmen de Oxalá na abertura da semana da mulher
02 – Participantes da palestra promovida pela Assobecaty, Diferenças: gênero e etnia.
03 – Mãe Carmen entregando o certificado pela participação no evento
04 – Prefeito de Guaíba durante a abertura da Semana da Mulher
05 – Beatriz Picolli destacando o trabalho da Assobecaty
06 – Assessora de imprensa do prefeito lendo a mensagem da Assobecaty ao Dia Internacional da Mulher